No dia 24 de outubro, Badi Assad e Sérgio Pererê apresentam o showcase de encerramento da sexta-feira no Palco Olympia, como parte da delegação brasileira organizada pela Brazil Music Agency (BMA).

Mais do que um concerto, a apresentação é um encontro raro entre duas forças criativas da música brasileira contemporânea. Assad e Pererê se unem em uma parceria que ultrapassa o repertório de Bentu (2024) — álbum concebido em apenas cinco dias de criação intensa e fluida — para revelar canções e recriações que nascem da escuta mútua, da improvisação e de uma cumplicidade musical e espiritual profunda.

A simplicidade aparente — voz, violão, percussão corporal e vocal de Assad; ao lado da voz marcante de Pererê e de sua rica paleta de timbres afro-mineiros (calabace, tamar e mbira), além do charango — logo se transforma em camadas de sentidos: uma experiência que convida à pausa e ao silêncio interior, o espetáculo se aproxima de um ritual, tocando temas das profundezas humanas e propondo uma imersão sensível, que abre espaço para o recolhimento e para o emocionar-se.

O universo de Pererê — influenciado pelos ritmos religiosos e culturais de Minas Gerais, em especial pela Guarda de Moçambique e Congo e pela sua vivência na Irmandade Os Ciriacos — dialoga com a inventividade singular de Assad, que há mais de 20 álbuns se reinventa ao mesclar estilos, vozes e corpos sonoros. Entre eles, emergem canções como “Compassos de Amor” e “Terra do Cateretê”, exemplos da potência do improviso e da profundidade cultural que ambos carregam.

Juntos, oferecem um espetáculo que é, ao mesmo tempo, intenso e delicado, poético e visceral, contemporâneo e ancestral. Uma celebração da música brasileira como espaço de encontro, transcendência e emoção.